segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Elas

As escolhas

Falar nisso parece chover no molhado. Mas ao escrever sobre o que a gente vive, ao tocar nos assuntos que fazem parte do nosso dia a dia é praticamente impossível não falar nelas.

Primeiro porque somos obrigadas a fazer isso milhares de vezes por dia. E também porque fomos treinadas e encorajadas para tal.

Lembro de uma edição da TPM que tinha uma capa vermelha apenas com um post it escrito “fui”. A matéria principal era sobre a decisão sobra a separação dos casais. E a conclusão, óbvia, era que é na esmagadora maioria das vezes a mulher tem a iniciativa. Por que? Porque nós é que fomos treinadas para fazer todas as escolhas. Até a escolha de ser feliz, inclusive a escolha sobre a felicidade dos caras. Ok, não queria ir tão longe. Talvez esteja sendo um pouco radical…

Mas o fato é que por mais que a gente saiba disso, tenha certezas e provas de que a vida é assim, ainda esperamos pela decisão de outra pessoa, que não a nossa. Inacreditavelmente imaginando que “Ah, dessa vez vai ser diferente.”. Mas não, não vai.

Passei uns bons anos esperando a escolha de alguém. Achando que estava fazendo de tudo para que encorajar, para ser companheira, para dar apoio e ser compreensiva. Há pouco tempo notei que não adianta, já que a pessoa não é uma mulher. Ou seja, ele não vai fazer uma escolha. Por mais que eu prepare o terreno, isso não vai rolar. A escolha que eu fiz, então, foi escolher outras coisas. E, ao contrário do que eu imaginava, o sofrimento está sendo bem menor. Tenho total confiança de ter feito todo o possível, arriscado pra carambra, esperando muito por uma escolha. Até fui bem tolerante e calma. Características que, em geral, não fazem parte do meu jeito de conviver, de trabalhar, de lidar com a minha família. Mas com o cara, esse aí que não tem força para fazer a escolha, fui extremamente fofa, princesa, carinhosa e tranquila.

Agora, por que mesmo? Eu já sabia, desde sempre soube, que a escolha não seria nunca dele. Seria minha. Como a alçada da minha escolha não é suficiente para mudar a dele, simplesmente passei três anos pensando e idealizando algo que jamais aconteceria. Uma escolha. Pra nós parece tão simples. Escolher ser feliz é o mínimo que a gente se deve. Sem esquecer de que todas as nossas opções mexem com a vida de várias outras pessoas, claro. Mas em geral as escolhas que nos fazem felizes influenciam positivamente a corrente de outras criaturas que passam pela nossa vida. Acredito profundamente que a felicidade contagia. Que o alto astral traz frutos. Que o bom humor cura desentendimentos. Que a leveza é um passo importante para o sucesso.

Adoraria que todos os caras que passassem pela minha vida de agora em diante fossem caras que não precisassem fazer escolhas muito complexas. Acho que eles precisam desenvolver outras habilidades nesse sentido. Escolhas simples e que são muito boas prá nós, que já somos obrigadas a escolher tantas coisas sérias na vida. Se eles conseguirem fazer escolhas sobre a lista abaixo, acho que já estão no caminho para alcançar o topo da pirâmide, de acordo com a teoria da amiga que inspirou um dos primeiros posts desse blog-desabafo.

- Dirigir pelo melhor caminho para chegar a qualquer lugar SEM perguntar “que caminho vc acha que eu devo fazer?”

- o restaurante adequado e de preferência surpresa

- o estilo das férias (ok, pode deixar que o roteiro a gente faz)

- a hora de ir pra casa

- a hora de sair de casa

- a trilha pra cada momento

- a quantidade de velas

- a sua própria roupa



Deu, acho que conseguindo fazer essas escolhas já é praticamente um cara perfeito…

***Pp

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